14 de fevereiro de 2015

O NOME DA MARCA

Antes, as empresas batizavam suas marcas com o nome de seus fundadores (Ford, Edison, Westinghouse), ou com uma expressão que transmitisse sua imensidão (Genral Motors, United Airlines, U.S. Steel), ou com uma composição que identificasse uma nova tecnologia (Microsoft, Instamatic, Polavision), ou com uma metáfora ou metonímia que conotassem uma característica que quisessem se atribuir (Impala, Newport, Princess, Trailblazer, Rebel). Mas hoje elas tentam transmitir sabe-se-lá-o-quê usando um grego fajuto e neologismos latinizados, construídos a partir de fragmentos de palavras que supostamente têm a conotação de certas qualidades, sem mostrar às pessoas do que se trata. A gente se solidariza com o espanto de Griffy, o alter ego do cartunista. Acura - Acurado? Agudo? O que isso tem a ver com um carro? Verizon - Um horizonte verídico? Será que significa que um bom serviço telefônico ficará para sempre à distância? Viagra - Virilidade? Vigor? Viável? Devemos achar que ele vai fazer os homens ejacularem como as cataratas do Niágara? O exemplo mais flagrante é a mudança do nome da Philip Morris para Altria, supostamente para mudar sua imagem de gente malvada que vende carcinógenos viciantes para um lugar ou um estado marcados pelo altruísmo e outros valores elevados.

Steven Pinker (Do que é Feito o Pensamento; pág: 347)

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