30 de junho de 2012

CONEXÕES IMPERFEITAS

Na meia-idade, naqueles anos entre os trinta e cinco e os quarenta e cinco ou cinquenta, aprendemos que muitos sonhos não se realizam. Muitas coisas que desejávamos não recebemos dos nossos pais. Chegou a hora de reconhecer e aceitar o fato de que nunca as teremos. No seu estudo sobre famílias, Featherstone observa que, "constantemente, surpreendo-me ao verificar a capacidade das pessoas para se dar ou se recusar, dentro dos próprios termos". Mas na meia-idade, quando nossa mãe e nosso pai começam a ficar doentes, podemos rever aqueles... termos de afeição. Pois, agora, o mundo pertence à nossa geração - não à deles -, e vemos como era pouco o poder que possuíam: não conseguiam nos amar com perfeição. Não nos compreendiam completamente. Não nos protegiam da dor e da solidão - e da morte. Vemos que eles tinham pouco poder, e nós agora, também, para construir pontes resistentes por sobre os abismos que nos separam. Abandonando nossas vãs expectativas, como pais e filhos, esposos e amigos, aprendemos a agradecer até pelas conexões imperfeitas.

Judith Viorst (Perdas Necessárias; págs: 239 e 240)

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