22 de março de 2012

JULGAMENTO FINAL

Como canta Azevedo"se o dedo de Deus aponta não posso fazer de conta que quem sofre é feliz.". Cedo ou tarde, haveremos de fazer jus ao que os olhos da consciência viram. Os conflitos internos, ou externos, do desequilíbrio entre o que somos e a expectativa alheia, muita das vezes, não são suficientes em nos fazer assumir mais nossa interioridade, que, por sinal, provavelmente, seria imoral em frente a sociedade.. É provável que o nosso travesseiro saiba sobre nós do que um grande amigo. Nossa história é marcada, desde a infância, por máscaras e por múltiplas segundas intenções. Nos acostumamos com isso porque satisfazem a necessidade de sermos aceito, e nos submetemos às exigências morais da comunidade em que estamos inseridos. Como tudo tem um preço. O preço constrangedor, lá no fundo, é se flagrar nas próprias mentiras. Porém, ironicamente, nossos disfarces refletem, como espelhos manchados, o próprio interior. Essas vestimentas, em última análise, encontram a matéria-prima nas próprias entranhas, as mentiras nos revelam nas entrelinhas teatrais. Eis uma espécie de "boa nova", ou, apenas, uma forma de ver alguma utilidade na hipocrisia. Como disse Nilton Bonder: "para a verdade, melhor é a hipocrisia do que a utopia. A hipocrisia expõe e a utopia acoberta."

Subproduto do conflito, entre roupa e nudez, é o projetado. O Eu que todos veem, apenas com os olhos, não com a alma. No limiar entre o vestir-se e o desnudar-se estará o julgamento final, nesse instante olhar de Deus, talvez escutemos o temido: "nunca vos conheci".

Diego Cosmo

3 comentários:

Unknown disse...

Acho que é por isso que eu sou tão estranha, passei muito tempo tentando ser aceita numa sociedade que exigia/exige de mim algo que eu não sou e que não quero ser.
Consequência: escarrada do meio social por não seguir os padrões do qual todos seguem inconscientemente.(mas entra a questão de quem está errado, eu ou toda a sociedade de comportamento gado? Provavelmente eu, claro!! Cadê a camisa de forças??)
Apesar de que, claro, máscaras para mostrar alegrias e simpatia continuam sendo usadas,(muitas vezes, sem eficiência alguma, sou péssima em fingir) até pq somos seres sociáveis, mesmo que essa sociabilidade seja construída sobre uma grande hipocrisia.
E a hipocrisia convêm, a utopia é sinal da mais profunda insatisfação humana em relação a tudo o que temos,a falta de confortabilidade de sermos quem somos,de termos o que temos, ou seja, de quem não tem paz interior, o que é lamentável e comum.
Esse teu texto nos leva a profundas reflexões, muito complexas por sinal, a questão do homem viver se regrando mesmo tento uma liberdade imensa pela frente, e sobre o juízo final, vivo pensando em como será, mesmo eu buscando sempre viver na verdade, quando Deus "abrir as cortinas do meu ser", eu quero muito ver o que eu guardo lá dentro.

(sobre o seu 'OBS', idem.)
Abraço, Ana Karoline.

Diego Cosmo disse...

Q isso.. Como vc mesma deve ter percebido com certeza, o que te fez se sentir assim, esta numa construção social. Então deixa dessa ideia, é uma mentira! :)
A questão do certo e errado é meio relativa, embora eu não me identifique com a "sociedade gado", há alguns ciclos em que me identifico mais fazendo assim eu me inserir numa sociedade. O Leo Carona, por exemplo, suponho que vcs se identifiquem, dai vc não é uma estranha e nem excluída.

Acho que somos seres sociáveis por natureza, é de nossa índole vivermos em comunidade. Hoje podemos ver nossas interações sociais repletas de mentiras, acho q em última análise, pelo sistema em que as coisas funcionam.. Ele tende a construir personalidades assim, voltadas para o exterior, a aparência etc.. A verdade e a essência ficam como secundárias.

É.. A maioria das utopias são lamentáveis, nascem duma necessidade nada nobre. Hoje os que se aventuram em carreiras idealistas conta-se nos dedos, que eram até de certa forma utópicos mas era uma utopia que impulsionavam mudanças revolucionárias! Já os carreiristas de carteirinha tem de monte e no geral só fazem dar manutenção a máquina..

O lance da liberdade é interessante, temos e ao mesmo não temos, não temos pois sempre despertamos sentimentos que nos faz pensar coisas do tipo: "não posso perder isso", "tenho que ter aquilo", "não posso deixar de fazer.." etc.. E temos pq enfim, no fundo, podemos sim viver sem essas necessidades, a necessidade em si gera uma especie de limitação, ou "prisão", dai nossa liberdade vai tomando forma. Vai ver liberdade é isso mesmo, termos a capacidade de nos moldar nesse sentido, se isso não for sendo construído via TV, por exemplo.

Quanto ao juízo final em que me referi no texto, diz respeito a uma nudeza que acaba por qualificar o relacionamento com Deus, em que esse relacionamento se torna algo mais consciente, mais transparente por agirmos conforme somos independente de perdas ou ganhos em qualquer esfera existencial. O juízo final seria com nós mesmo, vc pode abrir as suas cortinas e ver o que tem lá dentro! Podemos dizer que Deus está só a bater a porta, ou a janela né! ^^

Abração!!

Unknown disse...

Que que isso?!? :O
Diego, a gente produziu praticamente uma outra postagem!! rsr

valew a resposta ;)
bj.