Que, então, não enterremos a fantasia de outros mundos. Que o canto das sereias não cessem. Que nunca deixemos enferrujar nossas capacidades mágicas, não empoeiremos nossas cartolas. Que a realidade nunca seja suficiente para murchar algumas ilusões.. Que, ao menos, um sonho esteja sempre no horizonte, nos iluminando. Que o mistério da vida seja vivido junto às fadas. Que a razão em seu lúgubre berço não mate os profetas. Que o encanto da poesia não seja trucidado pelo caminhar carreirista. Que a beleza não seja transformada horrendamente pelos mais inteligentes. Que amar seja antes um sonhar do que viver a realidade. Que não esqueçamos de Dom Quixote.
Que o segredo do não dito seja motivo de beijo. Que um galão volte a ser o bastante para pintarmos o céu e que sempre tenhamos cor nas veias para nos levantar. Que ao sabermos tudo, vejamos a vida por outro ângulo só para aprender a desaprender. Que curtamos as ideias enquanto elas nos sustentam. Que a tendência ao dogma não nos roube a capacidade de criarmos deuses. Que seja antes a extravagância do que a indiferença. Que mesmo quando a vida por o dedo no gatilho, não cedamos à ela o gostinho de apertar. Que a paixão, enamorada do sonho, em sua lua de liberdade, ao alvorecer presenteie a Terra com homens e mulheres que, apesar de tudo, não deixam de viver o romance da vida.
Diego Cosmo