18 de novembro de 2011

INTUIÇÃO


Voltar para os Estados Unidos foi, para mim, um choque cultural muito maior do que ir para a Índia. As pessoas no interior da Índia não usam o intelecto como nós, elas usam a intuição, e sua intuição é muito mais desenvolvida do que no resto do mundo. A intuição é uma coisa muito poderosa, mas potente do que o intelecto, na minha opinião. Isso teve uma grande influência sobre meu trabalho. (...) Comecei a perceber que uma compreensão e consciência intuitiva eram mais significativas do que o pensamento abstrato e a análise lógica intelectual. (...)  O pensamento racional ocidental não é uma característica humana inata; é aprendido e é a grande conquista da civilização ocidental. Nas aldeias da Índia, eles nunca o aprenderam. Eles aprenderam outra coisa, que de certo modo é tão valiosa quanto, mas de outra maneira não é. Trata-se do poder da intuição e da sabedoria experiencial. Ao voltar, depois de sete meses em aldeias indianas, vi a loucura do mundo ocidental, bem como sua capacidade para o pensamento racional. Se você simplesmente sentar e observar, verá como sua mente é inquieta. Se tentar acalmá-la, isso só torna as coisas piores, mas com o tempo ela se acalma, e quando isso acontece há espaço para ouvir coisas mais sutis - é quando sua intuição começa a florescer e você começa a ver as coisas com mais clareza e estar mais no presente. Sua mente simplesmente fica mais lenta, e você vê uma expansão tremenda no momento. Você vê tanta coisa que poderia ter visto antes. É uma disciplina, você tem de praticá-la.

Walter Isaacson (Steve Jobs - a biografia; págs: 53, 67 e 68)

17 de novembro de 2011

COMO DIZIA O POETA

Mário Gomes

Quem já passou
Por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai

Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não

Não há mal pior
Do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir?
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer

Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão.

Toquinho e Vinicius de Moraes

13 de novembro de 2011

QUANDO CONHECERMOS A LEI MELHOR DO QUE ELES


Os apelos emocionais não adiantam: "Por favor, não cortem as lindas árvores, não estraguem a paisagem, não deixem os animais morrerem." Isso nada significa para os homens do governo. E a violência também não adianta: "Defenderemos as árvores até o fim, atiraremos em vocês se tentarem destruir a floresta." Isso só servirá para que o exército seja acionado, a fim de proteger a derrubada. Só a ação legal poderá deter o governo. Quando conhecermos a lei melhor do que eles, quando souberem que podemos levá-los aos tribunais e ganhar, quando pudermos provar que estão violando os regulamentos federais, então a derrubada será impedida.

Richard Bach (A Ponte Para o Sempre; págs: 417 e 418)

1 de novembro de 2011

ELA...


 
Pelo acaso nos encontramos, por pouco em meio ao caos passei a te amar. No que eu não espero é que venho a te querer, e reescrevendo, ficamos juntos. Em contradição nos beijamos e fica-se assim sem entender... Nessa carência de quem ama é que te tenho mais perto e assim sonhamos juntos nessa imprevisibilidade amorosa... Nos eternizamos no embaraçoso momento fugaz que estamos juntos, e é na indefinição que de alguma forma nos aturamos. No efêmero, na nostalgia, na magia, na poesia, no encanto, nesse conto, nesse olho existimos um no outro, ontem e depois...
 
Diego Cosmo

VOCÊ E O SEU RETRATO


Por que tenho saudade
de você, no retrato,
ainda que o mais recente?
E por que um simples retrato,
mais que você, me comove,
se você mesma está presente?
Talvez porque o retrato,
já sem o enfeite das palavras,
tenha um ar de lembrança.
Talvez porque o retrato
(exato, embora malicioso)
revele algo de criança
como, no fundo da água,
(um coral em repouso).
Talvez pela ideia de ausência
que o seu retrato faz surgir
colocando entre nós dois
(como um ramo de bortênsia).
Talvez porque o seu retrato,
embora eu me torne oblíquo,
me olha, sempre, de frente
(amorosamente).
Talvez porque o seu retrato
mais se parece com você
do que você mesma (ingrato).
Talvez porque, no retrato,
você está imóvel
(sem respiração...)
Talvez porque todo retrato
é uma retratação.

Cassiano Ricardo