11 de abril de 2010

O ÓCIO [NÃO] CRIATIVO


Graças a uma colonização diferente, o que professamos e praticamos aqui é uma postura virtualmente oposta a de americanos e europeus: eles têm o culto da performance, nós temos o culto do ócio. (...) Nossos colonizadores criam de todo o coração em desfrutar as riquezas deste mundo, mas desconfiavam com a mesma convicção do mérito do trabalho. Sujar as mãos era coisa de escravo, e trocar a nossa roupa e dar-nos banho, trabalho de criado. A agenda do senhor colonial era bocejar entediado, fazer o filho de cada dia, olhar pela janela e ver o espetáculo dos que davam o sangue para acumular riquezas em seu nome. O culto do ócio é a crença de que feliz mesmo é quem é rico sem ter de trabalhar. Pela sua onipresente influência, vivemos todos no Brasil a eterna expectativa de ganhar na loteria, arranjar algum emprego público, de granjear um cargo de confiança, de encontrar o padrinho perfeito, de descansar numa aposentadoria precoce. "Eu não ganho pra isso" é sua rancorosa profissão de fé.

Invejamos os ricos, mas não a ponto de nos dobrarmos à baixeza de economizar para alcançar uma posição financeira mais confortável. Trabalhar, sentimos, já é humilhação suficiente. (...) O trabalho para nós não tem o mesmo objetivo que tem para americanos e europeus. Para eles trabalhar é uma maneira de garantir um futuro melhor; para nós, um modo de prover alguma gratificação instantânea. Se cometemos a baixeza de trabalhar é para viver mesmo que por um instante como se não o precisássemos.

Paulo Brabo (A Bacia das Almas; págs: 89 e 90)

16 comentários:

Sylvio de Alencar. disse...

Bem, também não vamos generalizar. O que tem de gente levando o Brasil nas costas..., não tá no gibi!

Abrçs!

Diego Cosmo disse...

É... E nem todos os americanos cultuam a performance. Isso é uma crença. Não vamos esquecer os anônimos do nosso país!

abraço!

Duane disse...

diego..realmente acredito que o brasileiro tem a cultura do ócio...
ja trabalhei em outros países, e aqui é o unico lugar que as pessoas param para bater papo..e ficam tempos tomando um cafezinho....uma vez vi um reportagem onde o psicologo disse para saber se o candidato gosta ou nao de trabalhar pergunte para ele: o que vc faria se ganhasse na mega sena?

Ana Libório disse...

Ai Diego...e eu que tenho a maior expectativa de casar com um cara beeeeeeem rico????kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Brincadeira!! Foi só pra descontrair os comentários!!!rs!!
BeijO!!!

Sylvio de Alencar. disse...

Bem, não vamos comparar um povo descendente de português e africanos, CATÓLICO, com outro ANGLO-SAXÕNICO, protestante, e brancos em sua maioria. Ahhhh, RICOS!

Existem diferenças radicais!!!!!!!!!!!

Diego Cosmo disse...

Duane, é vero, esse foi um dos motivos que me fizeram postar esse texto!
assino embaixo! xd

Diego Cosmo disse...

Aí Ana! Com certeza vc não é a unica mulher afim de casar com um cara rico! rsr, boa sorte! xD
vlw mesmo pela descontração! hehe
aparece aqui outras vezes!

um beijo!

Diego Cosmo disse...

E aí grande Sylvio! Por que não comparar um povo com outro??
Particularmente acho uma idéia essencial para uma mudança cultural positiva!

grande abraço

Sylvio de Alencar. disse...

Sem problemas. Comparar não mata ninguém, servem como começo de conversa, de discussão, mas não como razão e base de conversa.

Diegão, please, não encha a pag. de cometários com links; o que me faz vir aqui é vontade, e tempo.
Abração!

Diego Cosmo disse...

Aaa! Entendi! Confundi o comentário então...
Tude bem! Eu mando mesmo só na intenção de dizer que o papo está rolando na postagem etc... Mas agora estou sabendo! xD

abração!

Dauri Batisti disse...

É uma afirmação que parece verdadeira, mas as coisas são muito mais complexas. O trabalho continua um sentido de vida com dignidade pra muita gente neste Brasil.

Obrigado pela visita ao essapalavra.

Teodoro disse...

Obrigado pela visita! De um felino que aprecia o ócio.

Diego Cosmo disse...

Bom... Dauri, o que tenho visto em muitos lugares, têm sido esse tipo de postura, em muita gente! Acredito, é claro, que existe trabalho digno, embora seja uma minoria em que convenhamos hoje em dia ter um trabalha como um sentido de vida... Acho meio ilusório.

abraço!

Diego Cosmo disse...

rsr! vlw Teodoro!
abraço

... disse...

Nossa... Foi forte. Um pouco radical até, eu diria... Mas a realidade está baseada nisso mesmo... O ócio me dá náuseas... Não sei que tipo de trauma fez eu me tornar o cara dinâmico e workaholic que sou... hehe. Adorei o espaço. Parabéns.

Diego Cosmo disse...

Rsr não estou bem certo se isso que aconteceu com vc, que o tornou um kra mais dinâmico etc, foi um trauma! Já que teve um resultado bem positivo! heh

Valeu, abraço!